segunda-feira, 27 de abril de 2009

A MÃE



Desde que me entendo por gente, sempre quis ser mãe.
Mesmo quando “mãe” ainda era um conceito muito concreto de proteção e abrigo, mesmo quando essa palavra representava ser o mundo todo, para uma boneca que não tinha vida, senão através do meu poder de imaginação.
Hoje vejo, que não é muito diferente do que eu pensava. Sou mesmo, um conceito muito concreto para minha filha: para ela, eu sou o colo, o leite, o aconchego, o abrigo, a proteção, o sorriso e o amor.
Sou o seu mundo, que se expande, tanto quanto suas pupilas negras e luminosas, quando começo a cantar, e minha voz ressoa pelo corredor de casa, pelo corredor de seu olhar atento.
E ela, é a vida que nasceu do meu desejo, de todas as minhas imaginações.
Desde quando eu batizava as bonecas e escolhia seus nomes com cuidado, era a idéia maravilhosa de uma filha em semente, que eu batizava.
Desde quando prometi que quando crescesse, não importava quão adulta e ocupada eu ficasse, brincaria de Barbie com minha filha (com aquela Barbie que minha mãe nunca pode me comprar).
E assim minha filha foi sendo gerada, em todas as vezes em que me aborrecia com minha mãe, e pensava: “quando tiver minha filha, nunca vou fazer isto”. Em todas as vezes em que via despretensiosa, sentada no shopping, uma frágil mulher, que ao grito de “mãe”, metamorfoseava-se subitamente, em uma heroína poderosa, para aquele pequenino ser que a chamava.
Era esse o poder que eu almejava. Da leoa, que salta na frente da fera, pra defender o filhote.
É ela quem ruge dentro de mim, quando instintivamente, abraço minha filha de encontro ao peito, ao ouvir um estrondo, na esperança inconsciente de que, caso um desastre – as mães sempre antecedendo os desastres – meu corpo possa ser sacrificado em troca do seu, tão frágil.
É essa leoa, que sai correndo do compromisso, antes mesmo que ele termine, pra evitar que no desespero, a mamadeira nos prive – mãe e filha – de sermos uma só.
E aí, é o peito, o leite morno, o colo macio, a fala mansa, o olho no olho, é o sorriso de dois dentinhos com "bigode" branco, é o renascer, o momento mágico do médico dizendo: “sua filha nasceu”, mais e mais uma vez.
Sempre me disseram, que ser mãe não era fácil. Eu concordo. Pois uma mãe, vivencia, ao longo de sua jornada materna, todas as dores físicas que podem existir, mais as dores do espírito feminino, do medo, da dúvida, da insegurança, da saudade, da separação. Mas ninguém nunca havia me dito, que cada dor é recompensada, i-men-sa-men-te, de uma forma, tão simples e tão grandiosa... que me perdoem, mas só as mães poderão me compreender aqui, neste trecho.
É o mistério, que a gente não sabe explicar, como aquele cheirinho de bebê que te acompanha, ao longo do dia, como alucinação olfativa (que cheirinho incrível é aquele, por que os filhos de outras mães, não tem um cheiro como este?!), mesmo na aula, no trabalho, na distância, nos caminhos desconhecidos, nos abismos de minha alma... enquanto eu não me perder desse cheiro, nunca me perderei da Vida!

domingo, 26 de abril de 2009

INTRODUÇÃO


Todo mundo quer ser alguém na vida...

Mas na verdade, vivemos em busca de ser
nós mesmos.
E pra chegar lá, temos que ser vários,
temos que ser muitos.
Ser quem se realmente é... este é um desafio diário.
Busco ser EU, mas busco também ser ela – A Mãe
Ser aquela – A Esposa
Ser essa – A Filha
Ser esta – A Profissional
A outra – A Mulher
E todas as muitas, que temos que ser,
pra no fim das contas... ser alguém na vida.